DR - Disjuntor Residual

Isso não existe. Como um disjuntor pode desarmar pelo simples fato de se fechar a porta?

Fui atender um cliente aflito com um problema que o importunava há dois dias, ele me dizia que já havia gasto dinheiro com a substituição do disjuntor geral do apartamento, o DR – Disjuntor Residual, e o novo componente repetia o comportamento do anterior, desligando a energia elétrica da sua casa ao se fechar a porta de entrada do imóvel.

Para quem não tem conhecimento do que vem a ser este elemento, trata-se de um moderno disjuntor introduzido  a poucos anos atrás nos imóveis xerifado pela NBR – Norma Brasileira, trazendo a evolução da proteção nas instalações elétricas.

Disjuntor Residual – DR

Este equipamento, além de ter uma resposta mais rápida à ocorrência de sobrecarga e curto-circuito, acusa a falha do aterramento no sistema ou a fuga de eletricidade desligando toda  a energia se viermos a tocar em algo eletrificado de maneira tão rápida que mal chegamos a sentir o choque elétrico. 

Aproveito este parágrafo para fazer uma distinção entre sobrecarga e sobretensão, que são costumeiramente confundidas entre si: sobrecarga em instalações elétricas, refere-se à adição de circuitos e/ou equipamentos para além da capacidade para a qual a instalação foi projetada, causando o aquecimento anormal da fiação e consequente desarme dos elementos de proteção.

Eís uma imagem bem ilustrativa de uma situação de sobrecarga. O mesmo acontece em uma instalação elétrica, colocando-se no lugar do burro, um disjuntor

Já a sobretensão é a eventual elevação da força elétrica, prevista em projetos de construções modernas, e sua manifestação ocorre principalmente em tempestades com grande incidência de ráios, podendo também advir do restabelecimento da energia após uma falta na rede pública, o famoso pico elétrico.

De modo inverso numa situação de sobretensão, os disjuntores não atuarão; e somente haverá a proteção da instalação elétrica se esta estiver provida de um elemento específico, denominado por DPS  Dispositivo de Proteção contra Surtos elétricos (sobretensões) – imagem abaixo:

Certo, mas como ficou a solução para o problema do cliente?

Ficou com ele de um lado lamentando o dinheiro desperdiçado com o disjuntor novo que não resolvera nada, a mulher dele do outro lado desgostosa com a casa sem novela e sem rede social, e a falta que faz um refresco neste calor de Governador Valadares, já que o imprestável do ar condicionado fora jogado fora.

E por fim eu do meu lado tentando desvendar o misterioso defeito. Estranho, eu nem chegava a bater a porta, só a fechava e o disjuntor caía.

Via de regra desarmei todos os disjuntores, armei o DR e religuei um por um até que um disjuntor bipolar desligou o DR. Percebi um par de fios anexados aos cabos de distribuição no disjuntor e retirei-os.

Religuei o DR, fiz o mesmo com o bipolar, abri e fechei a porta – até mesmo com força, batendo-a, e o DR permaneceu quieto, sem desarmar.

 A seguir fui averiguar a instalação elétrica da casa pensando em encontrar a falta de energia em alguma tomada ou ponto de luz, e o que achei me surpreendeu: no lugar que era ocupado pelo ar condicionado que fora jogado fora, vi dois fios de cor igual aos que soltei do disjuntor bipolar!

Conclusão: estes fios estavam lá soltos e com as pontas desencapadas, sendo que um deles se encontrava muito próximo da ferragem, quase tocando na estrutura metálica que abrigava o aparelho de ar condicionado.

Isso explicou o porquê do desarme do DR ao se fechar a porta: a corrente de ar, deslocando-se pelo interior do apartamento, estabelecia o contato do fio na armação de ferro e o desligamento do sensível DR.

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