Dentre os costumes antigos passados de pais para filhos encontramos eventualmente o conselho para se tirar das tomadas os eletrodomésticos depois de utilizá-los.
A ideia é preservar os aparelhos em caso de algum curto-circuito na casa ou da chegada de um pico elétrico provindo da rede pública de eletricidade, além de economizar energia. Concordo plenamente quanto às prevenções contra curto e sobretensão, tecnicamente os atuais eletroeletrônicos digitais são muito sensíveis a anormalidades elétricas, e podem queimar as tais das placas (circuito eletrônico impresso sobre chapa plástica) que possuem.
Porém discordo quanto à alegação da economia na conta de luz. Os objetos que de fato consomem alguma eletricidade depois de desligados são aqueles que ficam com luzinha acesa à espera de serem acionados pelo controle remoto, e também os que têm display de LED como microondas, máquina de lavar roupas, etc.
O dispêndio de dinheiro com objetos elétricos que ficam em modo de espera é mínimo, resulta em alguns poucos reais a mais na conta de luz, o que pelo menos para mim não justifica o ato de ficar tirando e pondo plugues em tomadas a todo momento, além do que danifica estas conexões conforme esplicarei mais adiante.
No Brasil, especialmente no Verão as tempestades intensas de ráios que ocasionalmente atingem as estações de energia e cabos das torres de distribuição elevam a tensão no sistema para milhões de volts, e caso as chaves seccionadoras da rede não sejam rápidas o suficiente para desarmarem a linha de transmissão, transformadores explodem e instalações elétricas residenciais e comerciais podem ser avariadas seriamente.
Sem contarmos com os erros de manutenção na rede, quando os operários às vezes vacilam após os reparos e executam ligações erradas nas saídas dos transformadores nos postes da rede urbana, liberando 380 volts em vez de 110 e 220 para os imóveis conectados aos ramais do transformador ora recomposto.
Aparelho queimado por sobretensão elétrica
Com ressalva para a geladeira, a TV e o computador, em minhas visitas domiciliares prestando serviços de eletricista invariavelmente noto microondas, forno elétrico de mesa, máquina de lavar roupas, ventiladores, abajures e demais eletroeletrônicos com seus plugues caídos no chão, soltos nas mesas ou enrolados sobre estes equipamentos.
A princípio, tomadas e plugues não são fabricados para serem continuamente removidos, são conexões de tomada de força, e como tal devem permanecer fixos em seus pontos de alimentação elétrica, visto que o põe e tira gera desgaste e estresse nestes, o que vem a originar mal funcionamento na ligação entre tomada e plugue (mal contato), causando ainda ao longo do tempo desligamentos repentinos e intermitentes no objeto elétrico afetado, e por fim a parada total de operação deste pela quebra do cabo do plugue ou danos na tomada.
O que eu aconselho como atitude mais sensata para preservação dos eletroeletrônicos contra os males elétricos é a inserção de dispositivos de proteção diretamente no quadro de disjuntores da construção, existem no mercado elementos muito eficazes para resguardo da instalação elétrica em caso de curto-circuito ou pico de energia.
Um destes dispositivos é o DR – Disjuntor Residual, que atua em situação de fuga de energia ou curto-circuito, desligando toda a instalação elétrica do imóvel, e o segundo é o DPS – Dispositivo de proteção contra sobretenção, que garantirá a salvaguarda da instalação elétrica contra picos de energia – imagens abaixo:
Disjuntor DR
DPS
Gostaria de dizer por fim que o ideal mesmo quando se planeja uma ausência do imóvel por um periodo prolongado, como numa viagem por exemplo, é ir consumindo tudo o que estiver na geladeira e no dia anterior à saída fazer o degelo e deixá-la de porta aberta para aproveitar e dar uma arejada, e ao partir, antes de trancar a porta da casa desligar a chave geral do quadro de força deixando a residência inteira sem energia e segura.
Proponho isso porque disjuntores casualmente podem desarmar do nada, já atendi um cliente que chegou de viagem e ao abrir a porta e sentir aquele cheiro forte de carniça, logo pensou em algum bicho que deveria ter entrado e estaria morto dentro da residência.
Ao tentar ligar as luzes acabou vendo que o disjuntor geral estava desarmado, e que o cheiro vinha da geladeira que mesmo fechada exalava a catinga de longe e teve que ser jogada fora, uma vez que carne em decomposição impregna de forma irrecuperável este eletrodoméstico que possui preenchimento de lã de vidro em sua forração interna.
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