Nós que já acabamos vítimas do barato que saiu caro temos receio de qualquer coisa de valor muito baixo, e só compramos e mandamos fazer algo se pudermos pagar “o preço”, e pensamos mais de duas vezes antes de optar pelo menor gasto possível, fomos traumatizados para sempre por uma experiência ruim.
E a melhor opção muitas vezes será o mais caro, quantidade não é qualidade, os custos para se obter uma performance satisfatória e duradoura são maiores em produtos ou serviços de boa qualidade.
E em se tratando de mão de obra o ditado está mais que correto: mal pago, mal feito!
Um produto barato que custa a metade do preço e que está sendo muito usado atualmente são os cabos e fios elétricos falsificados, também chamados de paralelos. Já estive em locais que tiveram a parte elétrica totalmente trocada na reforma por fios falsos, e também já encontrei fios falsos até mesmo em construções novas!
Fios falsificados, quer sejam paralelos, do Paraguay ou da China, custam a metade do preço dos originais. Como não adquirir um produto que está pela metade do preço? É difícil.
Economizar é prioridade sempre, sem dúvida nenhuma, mas economizar com materiais de baixa qualidade ou pechinchando mão de obra além de avareza é jogar dinheiro fora, pode ter que fazer tudo de novo depois, coisa de burro!
E em se tratando de fios e cabos elétricos falsificados que possuem pouco cobre, muito plástico e que pegam fogo facilmente, é ainda crime do comerciante desonesto que está vendendo produto falsificado aos consumidores, e também comete crime quem está comprando para terceiros e sabe que a mercadoria é falsa.
E deixa de ser crime e passa a ser proceder de idiota se quem está adquirindo é o próprio consumidor final, informado do que se trata.
Se você tiver conhecimento de que em algum lugar se está vendendo algo muito barato, até pela metade do preço real, das duas uma: ou é mercadoria roubada, muitas vezes manchada do sangue de um pai de família, ou é falsa!
Mas como saber se um fio elétrico é falso ou não?
Muito simples, só de pegar nele já se sabe: é bem mais maleável (mole) que um fio original, além de não ter a impressão em alto relevo do nome do fabricante, do selo do Inmetro – Intituto Nacional de Metrologia, e das especificações técnicas do material no próprio plástico que envolve o cobre do fio.
E se você cortar um pedaço dele e olhar para o seu cobre verá que há pouco material condutor de eletricidade e muito plástico, ao contrário de um fio elétrico original, que comparado a um falso terá muito mais cobre e bem menos plástico – imagens abaixo.
Fios elétricos falsos. Como podemos observar, há um envoltório bem espesso (grosso) de plástico ao redor do cobre, que está em menor quantidade do que deveria. O excesso de plástico tem como objetivo enganar, fazendo com que o fio tenha a mesma aparência – bitola, do fio original
Fio original, no qual nota-se nitidamente a quantidade maior de cobre e menor de plástico. Passando-se os dedos ou usando uma lupa, se encontrará as impressões em alto relevo do fabricante no plástico do fio
O plástico que envolve os fios e cabos elétricos nada mais é do que um isolante da eletricidade, uma capa bem fina, não tendo necessidade de ser grossa nas baixas tensões de 110 e 220 volts.
Mas o pior dessa história é que os cabos e fios falsificados devido à insuficiência do material condutor de eletricidade (cobre), não conseguem transmitir aos elementos de proteção da instalação elétrica – disjuntores, a informação para serem desligados na ocorrência de superaquecimento.
Os disjuntores são fabricados para sentirem a alteração na temperatura ou corrente dos cabos elétricos através da dimensão da seção dos condutores (quantidade de cobre nos fios).
Um fio falso de 4 milímetros, por exemplo, tem a grossura (bitola) dessa medida por fora, no plástico; mas no interior dele tem a quantidade de cobre equivalente a mais ou menos de um fio de 2,5 milímetros.
De modo que se o fio, no caso falso, contiver a quantidade de cobre para suportar a corrente de até 25 amperes mas aparentar semelhança de fio com capacidade para até 40 amperes e for colocado para energizar um circuito dessa corrente – 40A, o disjuntor entenderá como normal a corrente/temperatura trabalhando dentro do limite do fio e não desarmará até que seja ultrapassado os 40A para o qual está preparado para desligar o circuito.
De maneira que quando o disjuntor atuar extrapolado o limite dos 40 amperes o fio elétrico falsificado estará incandescente, já que na verdade seu limite era 25A, e o resultado será o incêncio por superaquecimento da fiação, o chamado curto-circuito na instalação elétrica.
E isso não é tudo, os fios elétricos originais, certificados, homologados e selados pelo Inmetro, são antichamas, soltam fumaça, mas nunca pegam fogo, ao contrário dos fios falsificados que se tornam verdadeiras labaredas ao superaquecerem.
E se o pior não acontecer, ou seja, o incêndio, no mínimo não vai demorar muito tempo até que a instalação elétrica comece a dar problema um atrás do outro, como as emendas da fiação carbonizando e interrompendo a passagem da energia elétrica na distribuição do imóvel, disjuntor toda hora caindo, aparelhos queimando e a conta de luz chegando cada vez mais alta, por causa da eletricidade sendo transformada em calor nos fios falsos.
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