Falta de luz 

A energia elétrica, ou seja, a eletricidade; está tão inserida em nosso contexto que só nos damos conta da sua presença quando ela nos faltadeixando-nos nas trevas.

Nessas horas a impotência se instala em nosso ambiente tecnológico tal qual um vírus de computador roubando a senha do banho quente, do novelo da novela, da Internet e da rede social.

Mas o pior de tudo é quando perdemos o trabalho de muitas horas que não estava salvo, já que nem todas as pessoas têm a seu dispor um notebook com bateria, um gerador de energia particular ou o todo poderoso nobreak, equipamento que segura a onda surfando por até 1/2 hora em sua prancha recarregável.

Nobreak, equipamento destinado a proteger eletroeletrônicos contra picos e surtos elétricos, além de mantê-los ligados durante a falta de energia por até 30 minutos

Pois é, a coisa fica de fato preta, e o que sempre acontece logo depois da surpresa é o procedimento de ir lá fora para ver se está todo mundo mesmo no “lado negro da força”, e ocasionalmente se observa que o problema não é na casa, é na rede da empresa de energia. 

Em seguida dedilha-se ligação e fala-se falta de educação ao indiferente atendente virtual, e após sermos acalmados pelo atendente humano que certificou o retorno em breve da luz, algum tempo depois alegramo-nos com o iluminante reaparecimento da pródiga energia!

Satisfeitos por a termos de volta ao nosso doce convívio nos abstramos novamente em nossos afazeres apesar da circunstância estressante, sempre acompanhada daqueles ordinários com histórias obscuras à luz de velas ou lanternas e crianças cravadas no colo da gente. 

Então fica tudo de volta ao normal: a Internet, o Instagram, Whatsapp, tudo ok; até que… ninguém se lembrou de tirar os aparelhos das tomadas! E exceto o computador, salva-guardado pelo heróico estabilizador, vigilante treinado na fábrica para rechaçar vilões oriundos do restabelecimento da energia, o conhecido pico elétrico; a televisão pif páf póf pifou e a geladeira azedou.

Estabilizador de energia

Agora é reunir as notas fiscais dos enfermos – se estas ainda existirem, juntá-las ao orçamento da oficina e marchar no dia seguinte até a uma agência da empresa de energia, que protocolará a reclamação e queira Deus que ela mande consertar tudo logo, sem enrolação ou negativa de pagar pelos danos causados.

Recordo-me dos tempos da minha infância em Governador Valadares, em que o retorno da luz era instantâneamente seguido de um estrondoso brádo ecoando por toda a cidade semelhante ao da torcida no estádio ante o fulminante gol

Não sei o porquê, mas esta estranha prática se perdeu. Será talvez pela qualificação da sustentação do fornecimento nestes tempos futurísticos?

A coisa era realmente fraca e faltava energia quase que diariamente, e pode ser que não é nada disso, vai ver que a plebe é averiguadamente voltada, nota-se; a dar à luz manias estapafúrdias que veem e vão, locupletando-se pelo tal do instinto de manada, conforme a moda vigente. 

E assim como antigamente se juntava aos berros ironizando a volta da sem-vergonha da eletricidade todo dia, atualmente conecta-se na rede social marcando pra protestar nas ruas criando engarramentos kilométricos nas grandes cidades, reclamando dos políticos que eles mesmos reelegem de novo e sempre, por não ter mais o que fazer na tentativa de se agrupar como que em um pasto ou curral de cabeças ocas.

E por fim de comum acordo bola nomes para renomear estádios de futebol, obras sociais e gigantescos ônibus, estes útimos agora chamados de naves

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